MUDDY GHOSTS, 2019

Durante um mês tivemos uma mesa de trabalho embaixo deste pinheiro da foto, no programa de residência rural Ka’a. Nesse período desenvolvemos práticas cerâmicas que dialogaram com ele, o pinheiro, ou para além disso, numa espécie de mutualismo ou associação, nossas peças nele se envolveram, imiscuiram-se. Hoje sabemos que ele possui um dos genomas mais antigos entre as espécies botânicas, uma espécie que acompanha a humanidade e até por isso é umas das mais exploradas e utilizadas por nós.

O trabalho propõe um deslocamento: suspender a terra que normalmente envolve as raízes das árvores e posicioná-la sobre os galhos. Depois de secas ao Sol, alteramos a posição de cada peça, explorando ideias de levitação e flutuação – sempre sem romper o elo da peça criado com a árvore. A cerâmica que tradicionalmente data a presença do homem na Terra funciona agora como medida para a passagem do tempo no crescimento desta árvore. As peças podem ser vistas também como bons espíritos, que acompanham a contínua elevação deste maravilhoso ser vegetal rumo a sua verticalidade infinita. Se seu fluxo de vida não fosse constantemente interrompido, os pinheiros poderiam alcançar até 60 metros de altitude e viver por mais de 5 mil anos.

KA’A RURAL RESIDENCY, Porto Alegre, março/abril de 2019

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